_ Ricardo chega amanhã!
José María não prestava atenção no que sua mulher dizia, tivera um dia cansativo e, naquele momento, fixava-se no programa de tv.
_ Ouviu? Seu filho chega amanhã! – Insistiu Madalena – Amanhã! E vem com a namorada brasileira!
Com a voz mais alta da mulher, ele ouviu e respondeu:
_ Sei que ele vem amanhã com a namorada, nem são casados e ela vem aqui sozinha com ele! Não gosto disso.
_ Não fale assim da moça, você nem a conhece.
_ Não conheço e não gosto disso, as moças têm que se dar o respeito. Viajar sozinha para outro país com o namorado...
_ Os tempos mudaram, José, hoje é assim, você está ficando velho!
No táxi, Ricardo, ao lado de Silvana, ia explicando e contando a história de Buenos Aires, cada prédio ou monumento, nem ele imaginava que sabia tanto, alguma coisa inventava. Quando o carro parou, Silvana surpreendeu-se ao ver a mansão onde o pai do seu namorado morava no bairro da Ricoleta, em Buenos Aires. O táxi parou e o motorista ajudou a descarregar as malas na calçada, em frente ao portão. Lá de dentro, uma senhora muito bem arrumada surgiu à porta e gritou o nome de Ricardo, com um ânimo jovial, veio ligeira, abriu o portão e abraçou o filho com saudades que só uma mãe pode sentir. Depois virou-se para Silvana, nem deu tempo para o filho apresentá-la.
_ Você é Silvana, de quem Ricardo tanto nos fala?
_ Sim! E a senhora é a mãe dele, certo?
Madalena a abraçou com cortesia, pedindo-lhe que a acompanhasse, Ricardo pegou as duas malas mais pesadas, sua namorada pegou uma das malas, o quê causou estranheza para Madalena, as moças portenhas não costumavam carregar pesos, mas, como ela era brasileira...
O pai e o irmão, Guillermo, surgiram na porta, correram a ajudar com as malas.
_ Pai! Guillermo, meu irmão!
Abraços de saudades, apresentações, chegada de viagem sempre seria desta maneira. Havia muito o quê conversar, muito o quê contar do Brasil, muito a saber da Argentina, novidades, surpresas, festa, Ricardo tinha saudades das noites portenhas e queria percorrer com a namorada aqueles bares e casas noturnas que freqüentava.
Guilhermo cumprimentou o irmão e depois a Silvana, que lhe sorriu e lhe deu três beijos revezando cada lado da face, sua beleza era interessante, uma mistura curiosa de etnias, um sorriso constante no rosto.
Quando os dois entraram na casa, Guilhermo ficou para trás de propósito e observou a moça de longe, era magra, bonita e não pôde deixar de reparar nos seus atributos físicos, o vestido colado ao corpo ajudava a delinear aquele belo corpo feminino.
A família reuniu-se na cozinha, pois se aproximava do fim da tarde, bebericaram um café que foi passado na hora, beliscaram alguns salgados, começaram a colocar a conversa em dia.
Até na hora do jantar, o pai de Ricardo manteve-se reservado com o filho e a namorada, sentia, pelas conversas, que o filho não pretendia mais sair do Brasil e isto o entristecia, mas, no fundo, ouvindo tantas coisas do país vizinho, imaginava se a Argentina não tinha passado o seu tempo, foi quando ouviu Silvana falar.
_ Lá dizemos que o Brasil é o país do futuro! Mas o futuro parece que está demorando muito para chegar! É o eterno país do futuro!
_ E aqui, vivemos eternamente no passado! E o passado parece que nunca vai passar! – respondeu Guillermo.
_ Não compreendi, filho! – falou Dona Madalena.
_ É isto, mãe, ao ouvir as coisas que Ricardo conta, ao ver o que passamos aqui, penso que vivemos do passado. Veja o que ela diz, no Brasil, o esforço é para acabar com a pobreza que existe há séculos, aqui nos esforçamos para que não entremos todos na miséria que não existia no passado, lá, ela diz que eles mal se lembram em quem votaram nas eleições, aqui, lembramo-nos até hoje de Perón como se fosse ontem que ele morreu, nós vivemos do passado, esquecemos de olhar para o futuro.
Aquele comentário gerou um certo mal estar durante o jantar, o pai ficara mais pensativo e reservado, calando-se definitivamente, a mãe não gostara do comentário, foi Ricardo quem salvou a conversa, falando de futebol, comentando as vitórias do Boca Juniors, quando o assunto passou a ser futebol, os ânimos masculinos se exaltaram, falaram de Maradona e Pelé, mas Silvana tinha uma resposta pronta à provocação.
_ Gosto mesmo é de vôlei e tênis!
Era indiscutível, o time de vôlei brasileiro era superior ao argentino e o Gustavo Kuerten era o número um do mundo naquele ano.
Após o jantar, enquanto os homens conversavam, a mãe propôs à Silvana que fossem ver o quarto onde ela dormiria, Ricardo interferiu, dizendo que ela dormiria no quarto dele. A mãe reprovou e, percebendo o mal estar que aquilo gerou, Silvana apenas olhou para o namorado com um sorriso, piscou-lhe discretamente e concordou com a futura sogra que elas iriam ver o quarto que lhe era reservado.
Quando os homens ficaram a sós, Guillermo disse:
_ Muito bela sua namorada, meu irmão, parabéns!
O pai, que desaprovava a atitude do filho, interferiu.
_ Namorada, pois bem, você dorme com ela, gosta realmente dela, filho?
_ Gosto dela, pai, pretendo até casar-me antes do fim do ano!
_ E a família? É de boa família? Você conhece os pais dela?
_ Claro, pai, lá os costumes são diferentes, as pessoas não se preocupam tanto em saber se a namorada é de “boa família”. Mas, mudando de assunto, diga-me, como vai a fábrica?
_ Com dificuldades, a recessão está acabando conosco!
_ Tenho lido muita coisa no Brasil, preocupo-me com as coisas que acontecem aqui...
_ E seu emprego? – perguntou Guillermo.
_ Muito bem, graças a Deus. Você deveria ir para lá, há trabalho para bons engenheiros, poderia ficar comigo, em minha casa, até que arrumasse um bom emprego.
_ E eu perderia meus dois filhos para o Brasil.
_ Ora, pai, mude-se para lá também! Verá que é muito bom, lá é outro país, outro mundo! Sinceramente, não pretendo mais voltar para cá, farei minha vida por lá, onde está o futuro que desejo: trabalho, casa, esposa, filhos.
_ Ricardo está certo, pai. Já discutimos antes, aqui estamos vivendo do passado, precisamos mudar e viver do futuro, o que falta ao nosso país é pensar igual aos brasileiros, precisávamos acreditar que o nosso país tem futuro, que nós construiremos o futuro e que não vivamos mais do passado, deveríamos colocar Perón, Gardel e Maradona no museu e seguir em frente.
_ Nunca deveríamos renunciar às nossas tradições. Nosso passado é a nossa história, é a nossa vida!
_ De que adianta termos história, brasão e um grandioso passado se logo estivermos passando fome? – E, após fazer aquela pergunta, deixando-a no ar, pois ninguém lhe respondeu, Guillermo levantou-se da mesa – Vou à casa de alguns amigos, quero que venham ver Ricardo e sua namorada, voltarei logo.
_ E eu irei ver o que mamãe preparou para Silvana!
José María saiu da mesa de jantar e foi sentar-se na velha poltrona do escritório, local em que ficava horas, mas, naquela noite, ao saber das intenções do filho mais velho, começou a pensar no tempo em que era rapaz, nos cabelos compridos que usava, na noite portenha, no tempo passado, Argentina campeã do mundo de futebol, e a fábrica de sapatos herdada do seu pai, que tanto dinheiro já lhes havia dado e que agora vivia à míngua, quase insolvente. Levantou-se e tomou um pouco de vinho de uma garrafa mantida ali, a última de uma micro adega em que cabiam apenas dez garrafas. Aquela era a última garrafa, safra de 1960, vinho do tempo do seu pai. Madalena veio, vendo-o daquele jeito, sabia de qual era a preocupação do marido.
_ Deixei-os um pouco a sós, não seja tão severo com eles. Os jovens de hoje em dia são assim! – exclamou para tentar melhorar o ânimo do cônjuge, mas o assunto que ela queria conversar era outro.
_ Quando vai contar-lhes, José!
_Não vou contar-lhes nada, Madalena! Deixarei que eles se divirtam bastante, quando Ricardo vier visitar-nos no próximo ano, já saberá e tudo estará feito. E que você também não lhe conte nada, e nem ao Guillermo, senão, é capaz dele ir junto com o Ricardo e não voltar mais também!
_Eles têm o direito de saber...
_Não precisam, vivem outra vida, não precisam mais de nós, de nosso dinheiro... eles farão a vida deles como bem entenderem.
Madalena não quis continuar uma discussão inútil e saiu, sentia-se deprimida ao ver a situação pela qual passavam, diante da impotência de fazer algo que mudasse tudo, porque muito haviam tentado e pouco conseguido, restava-lhes a espera por outros tempos.
De lá do escritório José María começou a ouvir um velho tango no grande salão de festas da casa, curioso, levantou-se e viu Madalena em pé, defronte ao aparelho de som, ao lado da futura nora. Ele se aproximou em silêncio, abraçou a esposa num gesto de carinho há muito tempo esquecido:
_ O quê fazem aqui?
_ Silvana queria ouvir um tango argentino, estou mostrando o melhor de Gardel.
_ Ela gostaria de ver um tango sendo dançado também? Venha, Madalena, vamos dançar para Silvana ver como se faz.
_ Há tanto tempo não dançamos.
_ Nunca se esquece o tango... Lembra-se de quando dançávamos nas festas que fazíamos em nossa casa? – ele perguntou
_ Sim, como esquecer? Você sempre foi bom nisso!
Lentamente, começaram a dançar aquele tango, deslizando pelo salão, só havia a música e a dança. Olharam-se nos olhos, como há muito tempo não faziam, ele acariciou-lhe o rosto, ela lhe sorriu timidamente, os dedos dele sentiam que a pele da esposa não tinha mais aquela mesma maciez, mas ainda uma chama de amor e de paixão os aquecia.
Ricardo chegou e surpreendeu-se ao vê-los, a namorada não lhe deu tempo para pensar e lhe pediu que dançassem também, o que fizeram e, então, eram dois casais dançando tango no salão. Quando acabou a primeira música, nos segundos de intervalo até a próxima, José María, sem nada falar, conduziu Madalena até o filho e trocou de parceira, os quatro dançaram a música. O pai surpreendeu-se com a desenvoltura da moça e, pensava ele, apesar de brasileira, sabia dançar muito bem o tango. Contagiava o velho homem que começava a gostar dela e daquele sorriso enorme e generoso no rosto.
Guillermo chegou, acompanhado de um casal de amigos e uma amiga que vieram ver Ricardo. Ficaram olhando os casais que dançavam e aguardaram respeitosamente que a música terminasse para aplaudir os dançarinos.
_ Que bela dança! – Disse o filho mais novo.
O próximo tango começou, o pai tomou como parceira uma das moças que chegou com Guillermo, Ricardo tomou outra, um rapaz dançou com Madalena e sobraram Silvana e Guillermo como o último casal, este demonstrou grande satisfação e sorriu com discrição para namorada do irmão enquanto dançavam, Silvana ria de contentamento, seus olhos tinham um brilho especial, uma cor indefinida entre o castanho e o verde, pareciam levemente puxados como se houvesse alguma coisa oriental em sua origem, sua cor de pele também era indefinida, uma cor morena diferente, e longos e ondulados cabelos castanhos com algumas mechas douradas, ela o enfeitiçava com tanta luz e tanta alegria.
Por alguns instantes, reviveu-se naquela casa tempos antigos em que as festas eram constantes, em que a alegria por uma Argentina livre da ditadura era maior do que a crise econômica, em que havia um caminho apontando nos olhos de cada um.
No café da manhã, Silvana foi a última a chegar a mesa, mas sua chegada arrebatou Guillhermo, que gostava daquela beleza diferente. Já o pai, modificado pela dança da noite anterior, rasgou-lhe um belo elogio:
_ Você dança muito bem, Silvana! Gostei de vê-la dançar.
_ O senhor é muito gentil, e um excelente dançarino! Na verdade, fiz um curso de tango no Brasil, meu professor era argentino, por acaso ele se chamava Ricardo! – e, dizendo isso, abraçou o namorado e o beijou.
Todos riram.
Silvana sentou-se à mesa e começou a servir-se do café e,apesar da discrição com que Guillermo a olhava, ela percebeu como era examinada pelo futuro cunhado.
Logo depois, Ricardo e Silvana saíram numa excursão pela capital argentina. Guillermo os acompanhou, viram os pontos turísticos e almoçaram num bom restaurante, Ricardo reclamou do preço, achou caro demais, contou para o irmão dos restaurantes brasileiros de comida por quilo, disse que ele poderia fazer o mesmo em Buenos Aires , poderia ganhar muito dinheiro com este negócio. Em determinado momento, Ricardo saiu da mesa para ir ao banheiro, Guillermo e Silvana ficaram a sós.
_ Estou feliz pelo Ricardo, encontrou uma moça muito bonita e muito agradável, há outras iguais a você no Brasil?
_ Muitas. Inclusive as minhas irmãs!
Silvana percebeu o interesse e lhe sorriu, esquivando-se até que Ricardo chegasse, Guillermo era tão belo quanto Ricardo, além de quê era também muito charmoso, ambos muito inteligentes, muito interessantes. E aqueles longos cabelos negros caindo lisos pela testa, aquele ar de conquistador. Ela se divertiu com o assédio do cunhado, mas não lhe deu chance de se aproximar.
À tarde, visitaram a fábrica de sapatos do pai, e Ricardo sentiu o impacto da crise. A recessão fizera com que mais da metade dos funcionários fossem demitidos, havia maquinário desligado, o que funcionava, via-se que estava velho e precisava ser substituído. Ele passeou por máquinas antigas paradas, lembrou-se das vezes em que, menino, vinha com o pai à fábrica, quase cem funcionários trabalhando em dois turnos, percebia o respeito com que o pai era tratado e a deferência com que os empregados o olhavam. Agora, havia cerca de quarenta funcionários trabalhando em um turno apenas. Sentiu o choque e teve a sensação de que os negócios do pai talvez estivessem piores do que parecia.
Não era só isso, sentia a Argentina muito pior em muitos anos, algumas casas noturnas fechadas, muitos mendigos como não se via antes, os preços muito caros, o povo indignado com a situação, mas esperando que alguma coisa acontecesse, que uma notícia nova e fantástica os tirasse daquele estado letárgico e lhes devolvesse a Argentina rica e maravilhosa de décadas atrás ou, no mínimo, dos primeiros anos da conversibilidade um dólar igual a um peso. Sentiu que os argentinos esperavam e não tinham mais forças para sair desta espera. Parecia não haver mais um futuro no país, apenas a espera.
Para Silvana, aquele setor da fábrica era sombrio e deprimente, e, percebendo a tristeza no rosto do noivo, tentou brincar, fez de se esconder entre aquelas máquinas paradas, sorria, provocava o namorado, corria de uma máquina a outra. Ricardo demorou para entrar naquele jogo enquanto Guillermo a via como se fosse uma fonte de luz, radiante, alegre, transbordando sensualidade em vestidos leves e finos, e, sem saber, encantava-se, não somente por ela, mas pela possibilidade de uma vida com mais sol, e ela, sem dúvida, atraía os homens, feito a gravidade de um astro.
Naquela noite, Guillermo não se continha, seus olhos seguiam a namorada do irmão como se atraídos pelo seu magnetismo, em determinado momento, em que ele saía do seu quarto, encontrou-a sozinha no corredor vindo em sua direção a caminho do quarto que lhe fora reservado, passou por ela, olhando-a nos olhos, e ela também retribuiu o olhar, abriu o sorriso cativante, seus corpos apenas se resvalaram, o perfume dela entrou pelo nariz dele e preencheu os pulmões e o corpo inteiro de leveza, suas pernas tremeram, ele tentava se lembrar de que ela era a namorada do seu irmão, praticamente a noiva do irmão.
Ela continuou o caminho, ele parou e ficou a observá-la afastando-se. Ela sabia que ele a olhava, parecia que seus quadris se mexiam mais que de costume, ou era apenas a impressão de um homem que se estava perdendo? Antes dela entrar em seu quarto, ainda olhou para Guillermo e sorriu outra vez. E entrou rapidamente no quarto e fechou a porta.
Guillermo desceu a escadaria, viu que o pai estava no escritório, a mãe estava na cozinha e o irmão no quintal, à beira da piscina, subiu de novo, foi até o quarto, pensou em abrir a porta, desistiu da idéia, saiu de perto do quarto, mas voltou, estava desorientado, sabendo que ninguém estava perto, abaixou-se e olhou pelo buraco da fechadura e a viu seminua a trocar de roupa.
Levantou-se e, confuso entre excitado e constrangido, resolveu descer a escada e se estabelecer numa cadeira à beira da piscina, a noite era de lua cheia e quente naquele verão. Da piscina, ele sabia que aquela janela iluminada era o quarto de Silvana. Pensou em muitas coisas naquela noite, indo para a cama somente depois das duas da manhã.
Um ano se passou.
O Rio de La Plata se estendia como se fosse uma avenida, talvez a avenida se estendesse como se fosse o rio, talvez, rio e avenida fossem indissociáveis, Guillermo já não percebia mais qual seria a diferença, o coração estava pequeno enquanto o avião levantava vôo, da janela, avistava a grande Buenos Aires envolta em um ar triste. Havia um lugar para ele no Brasil. Ficaria na casa de Ricardo, que lhe disse haver um emprego.
Não havia mais o quê esperar na Argentina. A fábrica do pai estava cada dia pior, logo iria fechar as portas como tantas outras fizeram. Devido às dificuldades, os pais mudaram-se da Ricoleta para um bairro menos elegante logo após a partida de Ricardo. Muitos amigos dele continuavam desempregados e a crise destruía continuamente a esperança e a fortaleza dos argentinos.
Guillermo pensava que o país havia encontrado o seu lugar no tempo e no espaço, tornando-se, caprichosa, lenta e finalmente, uma nação sul americana, de que tanto fugira. O continente engoliu o país mais rico e culto da América do Sul, destruindo-o.
Pensou na casa antiga e naquele baile inesperado ocorrido enquanto Ricardo os visitava. Havia sido a última festa, o último baile, um dos últimos tangos dançados, e não se esqueceu da beleza daquela brasileira, daquele momento na fábrica, da luz que avistara nela, mas não era isso exatamente que o levava ao Brasil. Era o futuro, a esperança de encontrar o seu lugar no mundo e quem sabe, de encontrar belas mulheres, radiantes e alegres, dispostas ao amor.
No aeroporto, José Maria e Madalena esperaram até o avião sumir no horizonte e retornaram a casa, mas, antes, passaram pela Igreja del Pilar, onde se casaram, para rezar pelos seus meninos.
À noite, ele ligou a televisão e sentou-se na velha cadeira cheio de tristeza. Ela se encostou, abraçando-o, em silêncio, queria dizer-lhe que estava ali para ampará-lo naquele momento de solidão.
_ Quando nós os veremos de novo? – ele perguntou.
Madalena respondeu num suspiro:
_ Quando não pudermos mais esperar que eles voltem.